Mais antiga espécie de dinossauro encontrada na Bacia do Araripe
10 de julho de 2020 - 21:39
Anunciada por pesquisadores da Universidade regional do Cariri (URCA), Museu Nacional/UFRJ e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a descoberta de um novo fóssil de dinossauro, que recebeu a denominação de Aratasaurus museunacionali. A espécie descoberta na Bacia do Araripe é a mais antiga de dinossauro já encontrada no local, e divulgada através de coletiva de imprensa nesta sexta-feira (10).
A entrevista contou com a presença dos pesquisadores das Instituições, o diretor do Museu Nacional/UFRJ, Alexander Kellner, a paleontóloga da UFPE, Juliana Sayão e o paleontólogo da URCA, Álamo Saraiva. A coletiva, que durou cerca de duas horas com diversos esclarecimentos a respeito da nova espécie, contou com a participação dos demais pesquisadores envolvidos na descoberta. Houve a apresentação do material original e modelos em vida da nova espécie
O Reitor da Universidade Regional do Cariri (URCA), professor Francisco do O’ de Lima Júnior, e o diretor do Museu de Paleontologia, Allysson Pinheiro, participaram do lançamento da nova descoberta. O material será depositado no Museu Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri.
Encontrado em 2008, na Bacia Sedimentar do Araripe, o achado estava no Rio de Janeiro, com um dos pesquisadores do Museu Nacional. Por sorte, não chegou a se tornar parte dos escombros do equipamento histórico, em incêndio registrado no ano de 2018.
O diretor do Museu de Paleontologia, Allysson Pinheiro, disse que esse é o primeiro dinossauro no embasamento daquela região. O museu é o local mais adequado que esse material, encontrado no Cariri, conforme Alysson, poderia ser encaminhado. “Museu é para salvaguardar o patrimônio da humanidade”, disse. Para ale, o espaço ganha importância com a presença de holótipos, material que é referência dessa peça de arte. Não é o primeiro dinossauro, já que temos o Angaturama e o Santanaraptor Placidus, mas é o primeiro holótipo de Dinossauro do Museu.
O material estudado figura como do período Cretáceo, tendo cerca de 115 milhões de anos, na formação Romualdo. A denominação dada ao novo achado, foi uma homenagem ao Museu Nacional, como o próprio nome já diz, porque estava numa das áreas do local quenão chegou a ser atingida pelo fogo. Com isso, a peça permaneceu preservada, e conforme os pesquisadores, o seu significado seria “Ara – nascido do ata – fogo”.
Uma das pesquisadoras, Juliana Sayão, da UFPE, destacou que esse grupo de animais era carnívoro, teria como representantes atuais as aves, e que poderiam estar mais dispersos do que imaginamos. Ela destacou a outra espécie também encontrada na região, e já identificada, o Santanaraptor, que recebeu a denominação em homenagem ao fundador do Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri, Plácido Cidade Nuvens.
O material foi apresentado a paleontóloga Juliana Sayão, especialista em Archosauria, pelo então diretor do museu, Plácido Cidade Nuvens, já falecido. Foi encontrado na mina Pedra Branca, em Santana do Cariri. A pesquisadora identificou imediatamente como sendo de dinossauro e levou o material para a UFPE, onde iniciou os trabalhos de identificação do achado.
A comprovação veio depois de análises microscópicas do tamanho da pata, mesmo de médio porte e jovem. A estimativa era de que o animal teria pelo menos 3,12 metros e podendo pesar até 34,25 quilos. Mesmo no início, achando que era um pterossauro, o professor Álamo disse que ainda não havia sido realizada a preparação e havia poucas espécies de dinossauros.
Juliana Sayão afirma que o novo achado será uma forma de contribuir para que as instituições científicas compreendam a evolução dos terópodes, que compõem o grupo de dinossauros carnívoros que têm como representantes atuais as aves. Segundo ela, faz parte de um grupo denominado Coelurosauria, que inclui o dinossauro brasileiro encontrado na mesma região chamado Santanaraptor, e os famosos Tyrannosaurus, velociraptores e até as aves atuais.
Para a paleontóloga da URCA, Flaviana Lima, essa espécie poderia ter encontrado dificuldades de sobrevivência, por ter vivenciado ambientes mais áridos. Isso pôde ser verificado, através de material lenhoso encontrado, além de escuro, semelhante ao carvão, o que indica a incidência de paleoincêndios na área.