Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, em Crato, se torna unidade de conservação

15 de dezembro de 2022 - 22:30

Criado o Parque Estadual do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, projeto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA) e coordenado pelo Professor Edmar Pinheiro, que também é responsável, com equipe de técnicos, pela criação de outros parques na região. A assinatura do decreto pela Governadora do Estado, Izolda Cela, aconteceu em Fortaleza, na última segunda-feira, 13, com a presença do Reitor da URCA, Professor Francisco do O’ de Lima Júnior, e o Secretário de Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno.

O espaço é emblemático  pela sua singularidade histórica, cultural, além da geomorfologia, que o coloca como uma das áreas também pautados dentro do universo do Geopark Araripe.

Junto com esse Parque que está sendo criado, mais quatro, que estão em andamento, como o da Estátua de Santo Antônio – Barbalha; Riacho do Meio – Barbalha; Boqueirão de Lavras – Lavras da Mangabeira e Vale dos Buritis, em Santana do Cariri. O do Horto do Padre Cícero – Juazeiro do Norte, foi criado mais recentemente. Em Crato, uma unidade também foi criada, a do Riacho da Matinha, localizado no interior do Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti.

Medidas de preservação

Através da criação do Parque Estadual do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, será possível adotar medidas de conservação da biodiversidade local, a manutenção dos ecossistemas e dos serviços ecossistêmicos, bem como a recuperação de áreas degradadas.

Também deverá garantir a presença da população tradicional. Essa população, após o devido treinamento, poderá ser plenamente incorporada à dinâmica do Parque, sobretudo por meio do desenvolvimento de visitas guiadas, manutenção de trilhas, bem como trabalho de educação e interpretação ambiental.

Com a unidade, será permitido um incremento da economia local e regional, por exemplo, pela atividade turística, interpretação e educação ambiental. “A história sociopolítica e religiosa de luta e resistência da população que habitou/habita o território do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto precisa ser fortemente cuidada, preservada e divulgada, dada a sua importância, ainda não plenamente analisada, para a comunidade local, regional e nacional”, avalia o coordenador dos trabalhos.

Ao mesmo tempo, será possível ampliar o processo de sensibilização histórica, garantida legalmente quando da instituição do “Dia Estadual em memória da Comunidade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto”, mediante sansão da Lei Estadual Nº 13.234, de 03 de julho de 2002. Com isso, ampliará os espaços de diálogo com as associações, Comitê de Bacia do Rio Salgado, Geopark Araripe e instituições de ensino (básica e superior).

O Reitor da URCA, Professor Lima Júnior, destaca a importância do trabalho da equipe para a criação das unidades de conservação no Cariri, como um avanço da política de valorização do patrimônio. “Quando a gente fala de patrimônio, temos que tratar de uma agenda complexa, com toda a diversidade, diante dos aspectos natural, histórico e cultural, e todos eles convergem para a construção de uma identidade de território”, explica.

Outro ponto é a transversalidade do patrimônio territorial do Araripe, como é o caso do Caldeirão, que envolve o reconhecimento de um espaço natural, peculiar, que é o território do Caldeirão, que pode acomodar uma população e estabelecer um modo de produção particular e histórico. Segundo o Reitor, é necessário uma política pública de caráter transversal, que vem sendo desenvolvida através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado, com o apoio da Prefeitura Municipal do Crato.

O Secretário Estadual de Meio Ambiente, Artur Bruno, disse que esse trabalho para a criação do Parque Estadual do Caldeirão, possível, com a parceria da Prefeitura do Crato e também da URCA. “Vamos fazer ainda o plano de manejo e o conselho gestor e essas instituições são fundamentais para dar sequência a esse trabalho, com uma gestão participativa”, disse.