Brasil e China descobrem nova espécie de pterossauro de 160 milhões de anos

29 de março de 2025 - 22:41

Pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA) estão inseridos na descoberta que revela a nova espécie

Parte da equipe de brasileiros e chineses que participaram da descrição da espécie, em visita ao Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology (IVPP)

Pesquisadores chineses e brasileiros descreveram recentemente um esqueleto fossilizado quase completo de um pterossauro. A espécie então era desconhecida no condado de Jianchang, na província de Liaoning, no nordeste da China.  O estudo, realizado por pesquisadores do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology (IVPP), da Academia Chinesa de Ciências, da Universidade de Jilin, da Universidade Regional do Cariri (URCA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro e outras instituições, foi recentemente publicado no periódico Annals of the Brazilian Academy of Science.

O fóssil, datado de aproximadamente 160 milhões de anos atrás (período Jurássico Superior), foi batizado de Darwinopterus camposi sp. nov.  O professor adjunto da URCA, Dr. Renan Bantim, vice-coordenador do Laboratório de Paleontologia da URCA e curador do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens participou da pesquisa representando a URCA. Ele destacou que a descoberta traz novos dados sobre a diversidade morfológica e evolutiva dos pterossauros.

Segundo Bantim, o nome da espécie homenageia o Dr. Diogenes de Almeida Campos, renomado geopaleontólogo brasileiro que fez contribuições significativas para a pesquisa paleontológica colaborativa entre China e Brasil, iniciando uma parceria que existe há mais de 20 anos.

Esta nova espécie pertence à família Wukongopteridae, um importante clado de pterossauros da Biota Yanliao, no nordeste da China.  A nova espécie se diferencia de outros membros da Wukongopteridae por ter características únicas como a margem dorsal reta da crista premaxilar, sem projeção dorsal extensa;  Superfície lateral lisa; Arranjo dentário com 18 dentes em cada lado da mandíbula e 14 na maxila e pré-maxila; e a quarta falange do dedo da asa é mais curta que a primeira.  Conforme os pesquisadores, a descoberta amplia a diversidade dos pterossauros Wukongopteridae e fornece novas perspectivas sobre a evolução desse grupo de pterossauros.

A China se tornou um polo global de pesquisa em pterossauros, com descobertas que avançaram o estudo desses répteis voadores extintos. Na última década, diversos novos sítios fossilíferos foram relatados em Liaoning, levando à identificação de várias espécies desconhecidas. Entre os achados mais notáveis estão espécimes associados à Biota Yanliao, que, embora distribuídos em regiões semelhantes às da Biota Jehol, são mais antigos, datando do Jurássico Médio ao Superior. A família Wukongopteridae se destaca como um grupo proeminente dentro dessa biota.

A colaboração entre paleontólogos chineses e brasileiros em fósseis da Biota Yanliao remonta a 2009, quando nomearam juntos um pterossauro Wukongopteridae. Desde então, três gêneros e cinco espécies foram identificados. Com essa nova descoberta, o número sobe para seis espécies.