Caderno Temático com dados da Violência contra a Mulher no Cariri será lançado na tarde desta quarta-feira (2), na URCA

1 de maio de 2018 - 21:30

Será lançado nesta terça-feira, às 14 horas, o Caderno Temático com dados da Violência contra a Mulher da Região do Cariri, no auditório do GeoPark Araripe, às 14 horas. O material é resultado do trabalho realizado por pesquisadores, através Observatório de Violência e Direitos Humanos da Região do Cariri, em parceria com a Escola de Saúde Pública do Governo do Estado do Ceará (ESP), por meio da Diretoria de Pós-Graduação (DIPSA). De acordo com os levantamentos realizados nas três principais cidades do Cariri, foram quase 2.300 casos notificados apenas em 2016, período do registro dos levantamentos.

Os Diálogos sobre as Experiência no Enfrentamento da Violência no Cariri traz um Monitoramento dos casos de violência, em 2016, realizados pelo observatório. Segundo a Coordenadora do Observatório da Violência/Urca, Professora dra. Grayce Alencar Albuquerque, mesmo diante do apanhado de dados realizados no ano de 2016, considerados altos, em 2017 essa estatística ainda continua preocupante.

A parceria para a realização deste trabalho, se deu no contexto da Campanha dos 16 dias de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, onde foi elaborado uma programação conjunta de atividades entre o Observatório da Violência do Cariri e a Escola de Saúde Pública (ESP).

A sistematização dos dados foi realizada pela coordenação do Observatório da Violência e pela assessoria técnica da DIPSA, num esforço conjunto por considerarem a importância dos dados coletados, como subsídio às políticas públicas e principalmente como instrumento de sensibilização de estudantes, profissionais e população em geral sobre a realidade da região, no que se refere a violência cometida contra as mulheres. Os dados coletados permitem o levantamento do perfil das mulheres vitimadas, o perfil das notificações pelo setor saúde, dos registros de ocorrências nas delegacias da região e o perfil dos agressores.

O caderno consta de uma parte introdutória com uma breve discussão sobre a violência, sua relação com a saúde, alguns dados nacionais e uma apresentação sobre o Observatório da Violência. Na segunda parte estão os dados coletados, com uma breve análise.

Segundo a coordenadora, espera-se que esse caderno possa ser amplamente utilizado pelos gestores/as das políticas públicas voltadas às mulheres da região do Cariri e de outras regiões interessadas.

Quase 2.300 casos notificados em 2016

Em resumo os dados coletados em 2016 por meio de check list com mais de 100 variáveis, nas instâncias que atuam no enfrentamento a casos de violência contra a mulher, revelaram que neste ano houve 2.299 casos notificados (os dados foram contabilizados das Delegacias de Defesa da Mulher, Centro de Referência da Mulher e setores de vigilância epidemiológica), o que equivale a 6,28 notificações por dia no Crajubar. O número de dados efetivamente coletados foi de 1856 (82%).

Desse total totalizou-se 1.873 vítimas, pois havia boletins de ocorrência com mais de uma vítima. Quanto à taxa de notificação da violência por cada 1000 mulheres nos municípios (usando cálculos epidemiológicos) obteve-se:

1- Juazeiro do Norte: taxa de 10,18 notificações,

2- Crato: taxa de 14,18 notificações,

3- Barbalha: taxa de 1,9 notificações,

4- Crajubar: taxa de 10,27 notificações.

No que se refere ao perfil das vítimas em 2016, tem-se que a maioria das vítimas são mulheres entre 30-59 anos (53,8%), seguida de mulheres jovens entre 18-29 anos (30,6%). Quanto à raça/cor na maioria dos registros não constava essas informações (84,7%), seguida daquelas que se declararam de cor parda (7,52%). Frente à situação conjugal, a maioria das mulheres violentadas são casadas e/ou em união estável (30,4%) seguida pelas mulheres separadas (21,5%), o que vem a confirmar o vínculo do agressor com a vítima, sendo a maioria representada pelo cônjugue (27,1%) e ex-conjugue (27,2%).

No que se refere ao horário das ocorrências, os períodos em que mais estas ocorrem são pela noite/madrugada (39,5%), o principal tipo de violência cometida são as ameaças (37%), física (24,3%) e psicológica (23,1%) e o local onde ocorreram os atos violentos foi o domicílio em sua maioria (70,3%).

“Os dados vêm comprovar a alta incidência, magnitude e transcendência do problema da violência cometida contra as mulheres na região e acima de tudo identificar a necessidade premente de realização de ações no sentido de melhor visibilizar a prevenção do agravo e o atendimento a essas mulheres de forma humanizada, eficaz e resolutiva”, avalia a coordenadora do Observatório, Grayce Alencar.