Professora da Unidade de Iguatu destaca 500 anos da Dieta de Worms à BBC Internacional

28 de abril de 2021 - 11:12

A professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), Jaquelini de Souza, do curso de Ciências Econômicas da unidade de Iguatu foi uma das entrevistadas pelo jornalista brasileiro Edison Veiga, da BBC internacional em Bled, na Eslovênia. A matéria trata dos 500 anos da Dieta de Worms, quando Martinho Lutero foi convocado perante o imperador Carlos V para renegar seus escritos.

A docente, mestre em Ciências da Religião e doutoranda em Teologia, pelas Faculdades EST, estuda o tema protestantismo, desde que era estudante de nosso curso de História da URCA, no campus Pimenta. “Desde 2017, dado o aniversário dos 500 anos da Reforma, o tema tem ganhado relevância na mídia. Este ano, comemora-se outros 500 anos em todo este desenrolar histórico. Mais do que as 95 teses, Worms representou de fato uma ruptura no cristianismo ocidental, visto que Lutero, que já vai à Dieta excomungado, agora é declarado pelo imperador, inimigo da cristandade”, afirma a professora Jaquelini.

Na matéria, a professora mostra a importância deste evento histórico para o surgimento não apenas do luteranismo, e consequentemente para o protestantismo, como também os conceitos de liberdade religiosa e resistência ao Estado. Ela pesquisa o tema há cerca de 14 anos, com dois livros publicados. Segunda a professora, a temática ainda é negligenciada pela historiografia brasileira. “Seja por ranço positivista de nossa academia, seja por ignorância da grandiosidade e importância do protestantismo brasileiro, que inclusive gerou, o que para muitos é o maior teólogo já nascido no Brasil, Rubem Alves”, disse.

Repercussão

A pesquisa da professora tem ganhado repercussão nacional desde a publicação de seu livro, resultante de sua dissertação em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2013, em que estudou a formação de uma igreja indígena reformada durante a ocupação holandesa no Nordeste. O livro se chama A primeira Igreja Protestante do Brasil, Igreja Reformada Potiguara (1625-1692). “O livro me fez conhecer muita gente no Brasil e fora do Brasil que pesquisa protestantismo. Inglaterra, Alemanha, EUA e África do Sul são países com grande tradição em pesquisa deste tema. O Brasil, infelizmente, está muito aquém da discussão internacional, quando o assunto é protestantismo.”

Neste sentido, a professora destaca o potencial da URCA como um celeiro de pesquisas não apenas sobre protestantismo, mas do campo religioso em si. “No caso da historiografia a coisa mudou graças ao saudoso professor Eduardo Basto de Albuquerque, que transformou o PPG de História da UNESP de Assis o primeiro grande acolhedor de pesquisas sobre protestantismo, na área de História, no Brasil. Hoje temos núcleos na UFRRJ e na UFMA, por exemplo, este último, liderado pelo professor Lyndon de Araújo, sem dúvida o nome mais destacado entre os historiadores do protestantismo no Brasil. A URCA tem total potencial para ser um centro de pesquisa nacional sobre protestantismo e do próprio campo religioso brasileiro. Minhas pesquisas estão ambientadas nos séculos XVI e XVII, “o grande século da Reforma”, como dizia Paul Tillich, mas temos a professora Renata Marinho, que pesquisa pentecostalismo e estudantes de história interessados no tema”, afirma.

A entrevista pode ser conferida através do link: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56809062