URCA lança Nota Oficial pela Educação e Diálogo na sociedade
27 de outubro de 2017 - 23:00
NOTA URCA
Educação e Diálogo
Nos últimos 30 anos, o Brasil passou por consideráveis avanços da Democracia, com um crescente consenso em relação aos ideais dos Direito Humanos e o reconhecimento de que qualquer indivíduo deve ser respeitado como portador de direitos. Igualmente, avançamos na valorização da diversidade cultural e das conquistas no combate ao preconceito e todas as formas de discriminação. Identificamos, no entanto, que persistem formas de discriminação que não foram apagadas superadas de em nossa sociedade.
A Universidade, como um espaço institucional de produção e difusão de ciência, de conhecimento e saberes que libertam e promovem mudanças sociais e econômicas, tem o dever de comunicar estes saberes e conhecimentos em prol da promoção dos direitos e igualdades e combater qualquer forma de limite ao diálogo, à ciência e à aprendizagem, mesmo quando contraria convicções pessoais. Não podemos deixar de observar que a ação do professor da Educação Básica, em sua prática autônoma, não pode ser colocada em xeque. Sua responsabilidade e ética profissional adquirida ao longo da formação acadêmica é, igualmente, reflexo das Instituições formadoras constituídas por professores criteriosamente selecionados, a exemplo da Universidade Regional do Cariri.
Vivemos em uma sociedade pluriétnica e heterogênea!. As ideologias em torno dos temas emergentes da contemporaneidade não podem ser ocultadas e vetadas. Posturas que favorecem a dominação, repressão de culturas e hábitos sociais, que excluem ao invés de integrar, e criam um ambiente fértil propício para a promoção de uma a cultura da separação e do ódio. Falseando a realidade, a Lei da Mordaça, ao pautar definir de antemão que os processos científicos, acadêmicos e sócio-históricos-culturais que devem ser debatidos, cria obstáculos claros à reflexão e à análise nos espaços escolares e de aprendizagem.
Os estudos sobre gênero não desconfiguram a ordem democrática, pelo contrário, ajudam a superar estruturas fundadas nas relações autoritárias de dominação, de exclusão, de preconceito e de perseguição que atentam contra a Democracia, a dignidade humana.
A Universidade Regional do Cariri não tem se furtado em produzir conhecimentos e atuar, através de seus professores, estudantes e servidores, em favor do diálogo e da reflexão sobre o outro e sobre si, em num exercício de alteridade. Nesse sentido, a atuação da URCA na região do Cariri e Centro Sul na formação de professores e junto às principais instituições públicas e privadas deste território, nos autoriza a manifestar preocupação com as propostas de lei que, ao preterir as experiências acumuladas em décadas de reflexão, anos de debate sobre sexualidade e gênero, sofra retrocesso nos diálogos, informação, reflexão, valorização e profundidade que o tema exige, em nome de ideias que podem facilmente ser justificativas para mais preconceito.
Não podemos temer o diálogo sobre esses temas tão candentes na sociedade.
A Universidade Regional do Cariri, seus pesquisadores, servidores e estudiosos do tema não se furtarão de defender as políticas afirmativas e inclusivas.
Compreendemos que as pessoas precisam ser educadas e formadas para serem felizes, e livres para fazerem as escolhas sobre sua vida privada e suas identidades de gênero. O Município do Crato tem um histórico de lutas por Igualdade e Democracia. Abrir esses temas para o diálogo não causa prejuízo às famílias, ao Estado ou tampouco, às religiões. É nosso dever criar ambientes institucionais nos quais o debate possa existir com garantias para que as diferenças possam se manifestar e as pessoas declarem suas opiniões e possam conviver em respeito mútuo.
Reitoria da Universidade Regional do Cariri – URCA, aos 27 de Outubro de 2017.
Prof. José Patrício Pereira Melo
Reitor
Prof. Francisco do O’ de Lima Júnior
Vice-Reitor